Montaria na Herdade do Peral
No passado dia 7 de Novembro, a TVcaça deslocou-se à Herdade do Peral, situada no concelho de Portel, a fim de assistir à Montaria que se realizou na denominada Mancha da Figueira, numa área de paisagem tipica de montado, com cerca de 300ha.Atendendo ao historial desta Herdade, que ao longo dos anos se tem afirmado como uma das referências da caça maior em Portugal e onde foram caçados importantes troféus, também nesta jornada as expectativas eram elevadas.Isso mesmo foi confirmado pelo Sr. Serafim, responsável dos guardas da herdade, que nos referiu que a mancha não era caçada há três épocas e vinha sendo cuidadosamente preparada desde há alguns meses, com vista a proporcionar bons resultados e a satisfação dos monteiros presentes.Embora arriscado, o prognóstico para o resultado final desta montaria era esperançoso, pois os cuidados empregues na gestão e preparação, bem como as 10 matilhas presentes assim o permitiam.Após um bom pequeno-almoço e as conversas tertulianas do costume, recordações de lances de caça e caçadas por outras paragens, seguiu-se o sorteio das portas e os habituais e sempre úteis conselhos e relembrar de normas que são indispensáveis para a segurança e o bom resultado deste tipo de jornadas.Rezou-se o tradicional padre-nosso invocando protecção para os monteiros presentes e em memória de todos aqueles que já partiram.Pelas 9h30m iniciou-se a saída dos armadas, distribuídas por 34 postos.Algum tempo depois seguiram-se os matilheiros, cujos valorosos cães já davam sinais de impaciência pela hora da solta.As matilhas partiram de uma zona de montado com pouco mato, o que tornava difícil ver ou desencamar nesta zona da mancha qualquer tipo de rês. No entanto, nas portas cedo se ouviram alguns tiros, que foram soando a bom ritmo durante toda a manhã.A meio da mancha os matilheiros começaram a adentrar em terrenos com maiores probabilidades de “desencamar” algum javali, os matos eram agora mais densos e com alguns silvados e foi aqui que surgiram as primeiras ladras e agarres.O Alentejo mantém índices de pluviosidade praticamente nulos desde há alguns meses, encontrando-se o solo bastante seco, o que dificulta a actividade cinegética em todas as suas vertentes, nomeadamente aquelas em que são utilizados cães.A falta de água disponível nos pequenos regatos, barrancos e nas pequenas charcas, faz com que aumente o sofrimento dos cães na procura das reses.Para obviar a este problema os matilheiros têm por vezes que se deslocar da sua trajectória para que os cães se refresquem e bebam nos poucos locais em que há água disponível.A ética na caça obriga a que não se deixem no campo animais feridos, o que, por vezes leva a que cães, matilheiros e monteiros, tenham que enfrentar situações adversas para recuperar uma rês ferida ou agarrada no meio de um silvado.São locais quase inacessíveis em que apenas pela temeridade e espírito de sacrifício e entreajuda dos matilheiros é possível alcançar o sucesso.Perto das 13h30m estava terminada a montaria, na qual foram disparados cerca de 150 tiros.Procedeu-se á recolha dos monteiros e pelas 14h30m estava-se a almoçar.Os matilheiros são sempre os últimos a chegar ao local de almoço, pois no final há que conferir se estão todos os cães, em caso de faltar alguma há que esperar por ele, ou convencer algum outro que não se deixa apanhar, principalmente entre os mais jovens.Houve ainda dois cães a sofrer ferimentos em luta directa com javalis, que tiveram de ser suturados no final.A recolha das reses decorreu também com normalidade estando o quadro de caça composto a seguir ao almoço e do qual constavam 34 javalis e 3 gamos.De realçar a excelente organização, o espaço de acolhimento e refeições e a forma segura e eficaz como decorreu toda a jornada. De realçar também a forma atenciosa como fomos recebidos.A TVcaça pretende ser uma voz de provedor para o bem da caça, do caçador, de toda a sua envolvência e a forma como tudo isso é visto perante a sociedade, como tal realçaremos sempre o que de bom acontece, mas não poderemos deixar passar em claro situações que nos parecem menos próprias.Temos apenas um reparo a fazer à organização, o qual se prende com o facto de terem sido trazidos ao tableau de chasse 3 listados e 2 gamos jovens, fruto de inevitáveis agarres pelos cães, pois se a morte dos animais tem de ser entendida como uma inevitabilidade, a sua presença no quadro de caça deve ser evitada.Um outro reparo agora dirigido a alguns matilheiros pelo facto de termos constatado a presença de alguns cães cuja aparência revelava algum descuido no tratamento que lhes é proporcionado.Situações de excepção, numa jornada de eleição!